terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Feliz 2011!!!

Querido leitor (a):

Para você ganhar um belo Ano Novo
não precisa fazer listas de boas intenções para esquecê-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar que por decreto da esperança
a partir de Janeiro as coisas mudem e tudo se transforme em claridade,
recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão fresco, e direitos plenamente respeitados, começando pelo direito sublime à vida.

Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem que merecê-lo, tem de fazê-lo novo.

Não é fácil mas tente, experimente, invente, surpreenda! Não esmoreça!

Porque é dentro de você que o Ano Novo repousa e espera desde sempre.



Muito obrigada por sua atenção e confiança durante esses anos e...


Um 2011 maravilhoso para você!


Um abraço carinhoso!


Arnete de Almeida Faria
Fonoaudióloga
CRFa 13.622/RJ





Dr. Paulo Mattos e o TDAH - De frente com Gabi - 05/09/10




O médico psiquiatra Paulo Mattos é um pesquisador sério e tem um denso currículo. Em síntese, ele é doutor em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor adjunto de Psiquiatria do Departamento de Psiquiatria da UFRJ, coordenador do Grupo de Estudos do Déficit de Atenção-GEDA-IPUB/UFRJ e presidente do Conselho Científico da ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção).
Sou leitora assídua de seus artigos e acompanho seu trabalho com o TDAH há quase 10 anos. Nessa primeira parte da entrevista com a jornalista Marília Gabriela, em seu programa no SBT, o dr. Paulo Mattos explica de forma muito clara em que consiste o TDAH. Vale a pena assistir à entrevista. 


Arnete de Almeida Faria
Fonoaudióloga
CRFa 13.622/RJ



segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Projeto de lei dispõe sobre o diagnóstico e tratamento do TDAH e dislexia na educação básica

Quando iniciei minha graduação em Fonoaudiologia eu tinha um propósito muito claro resultante de minha convivência com o TDAH: possibilitar um diálogo entre o transtorno e a Fonoaudiologia.
Na realidade, de uma perspectiva empírica eu inferia que além do médico, psicólogo e psicopedagogo, a presença do fonoaudiólogo era muito importante e não podia se restringir aos casos em que havia a dislexia associada. Eu observava em muitos casos algumas alterações na comunicação e na linguagem, sobretudo na conversação, desses indivíduos. Foi justamente a partir dessa percepção que desenvolvi minha monografia da graduação. 
Assim sendo, reproduzo abaixo, com satisfação, informações importantes publicadas no Boletim no. 33, 27/12/2010, do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), sobre a atenção que o TDAH vem demandando legalmente e, em especial, o reconhecimento da importância do fonoaudiólogo na equipe interdisciplinar no diagnóstico e tratamento do TDAH:

Dislexia e TDAH avançam na Câmara

O Projeto de Lei 7.081/2010, que trata da prevenção, diagnóstico e tratamento da Dislexia e do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), foi aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados no dia 15 de dezembro. A aprovação foi feita na forma do substitutivo da relatora, deputada Rita Camata (PSDB-ES), com avanços no sentido da interpretação da Fonoaudiologia.
A sessão plenária contou com pedido de vista do texto pelo deputado Dr. Paulo César (PR-RJ). No entanto,  a pós a fala da relatora e manifestações de apoio aos deputados Alceni Guerra (DEM-PR), Darciso Perondi (PMDB-RS), Omar Terra (PMDB-RS), Elcione Barbalho (PMDB-PA) e Geraldo resende (PMDB-MS), o pedido de vistas foi retirado e o substitutivo foi aprovado por unanimidade por todos os parlamentares presentes. Agora o PL segue para a Comissão de Tributação e Finanças onde deve ser novamente apreciado.

Outro aspecto importante no Projeto de Lei é sobre a importância da capacitação dos professores da educação básica sobre o TDAH e a dislexia. Como tenho afirmado, o professor é o nosso maior aliado na prevenção, no diagnóstico e intervenção precoces, pois é ele quem observa alterações e busca discernir o que pertence ao âmbito do pedagógico e o que pertence ao âmbito da saúde. No relatório do PL 7081 estabelece que:

"O Projeto de Lei no. 7-081, de 2010, de autoria do Senador Gerson Camata, propõe que o poder público mantenha programa de diagnóstico e tratamento de estudantes da educação básica com dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), por meio de equipe multidisciplinar composta, entre outros, por educadores, psicólogos, psicopedagogos, médicos e fonoaudiólogos.
A proposição estabelece que as escolas de educação básica devem assegurar às crianças e aos adolescentes com dislexia e TDAH o acesso aos recursos didáticos adequados ao desenvolvimento de sua aprendizagem e também indica que os sistemas de ensino devem garantir aos professores da educação básica cursos sobre o diagnóstico e o tratamento da dislexia e do TDAH. Finalmente, o projeto menciona que a lei deverá entrar em vigor em 1o. de janeiro do ano subsequente ao de sua publicação."


O PL no. 7081, de 2010 e o substitutivo a esse PL podem ser lidos na íntegra no seguinte endereço:
http://www.camara.gov.br/sileg/integras/817148.pdf

Eu gostaria de ressaltar que no substitutivo ao PL no. 7081 o Congresso Nacional decreta:

Art. 1o. O poder público deve manter programa de identificação precoce, diagnóstico, tratamento e atendimento educacional escolar especializado para estudantes da educação básica com dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Art. 2o. A identificação precoce, o diagnóstico, o tratamento e o atendimento educacional escolar especializado de que trata o art. 1o. devem ocorrer por meio de equipe multidisciplinar, da qual participarão, entre outros, educadores, psicólogos, médicos, fonoaudiólogos e especialistas em psicopedagogia.





Arnete de Almeida Faria
Fonoaudióloga
CRFa 13.622/RJ

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O TDAH pode ser uma invenção dos laboratórios farmacêuticos?


Em vários lugares e eventos ouvi alguns leigos e profissionais afirmarem que o TDAH “é uma doença inventada pelos laboratórios farmacêuticos”, possivelmente porque muitos médicos que estudam o transtorno recebem apoio da indústria farmacêutica. Considerando a gravidade dessa afirmativa, destaco as ideias principais e alguns trechos da carta de esclarecimento sobre o assunto redigida pelos psiquiatras Dr. Paulo Mattos, Presidente do Conselho Científico da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), e Luiz Augusto Rohde, Vice-presidente do Conselho Científico da ABDA. 
A carta pode ser lida em sua íntegra no site da associação: http://www.tdah.org.br/carta_tdah2.pdf

1) O que hoje denominamos de TDAH é descrito por médicos desde o século XVIII (Alexander Crichton, em 1798), muito antes de existir qualquer tratamento medicamentoso. No inicio do século XX, o Dr. George Still publicou um artigo científico numa das mais respeitadas revistas médicas até hoje, The Lancet. A descrição de Still é quase idêntica a dos modernos manuais de diagnóstico, como o DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria. Isso significa que o TDAH não é uma “mera conseqüência da vida moderna”.

2) Os sintomas que compõem o TDAH são observados nas mais diversas culturas. Se fosse simplesmente  um  comportamento secundário ao modo como as crianças são educadas, ou ao seu meio sociocultural, não seria possível que a descrição fosse  praticamente a mesma em locais tão diferentes.

3) Se o TDAH não fosse um transtorno mental, mas somente “um jeito diferente de ser”, como poderia ser explicado que os portadores, segundo os dados de pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes automobilísticos, e maior incidência de depressão, ansiedade e dependência de drogas?

4) Se o TDAH fosse “uma invenção da indústria farmacêutica”, poderíamos esperar que a Organização Mundial de Saúde – órgão internacional máximo nas questões relativas à saúde pública sem qualquer vinculação com a indústria farmacêutica  – listaria o transtorno como parte dos diagnósticos da Classificação Internacional das Doenças não só na sua última versão (CID-10) como nas anteriores (CID-8 e CID-9)? Vide o site http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm

5) Se o TDAH fosse secundário ao modo como os pais educam seus filhos, por que motivo as famílias biológicas de crianças com TDAH que foram adotadas têm prevalências (taxas) de TDAH bem maiores do que aquelas encontradas nas suas famílias adotivas? A única explicação possível é que seja um transtorno com forte participação genética.

6) Mais de 200 artigos científicos já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores de TDAH. Os achados mais recentes e contundentes são oriundos de centros de pesquisa como o National Institute of Mental Health dos EUA impossibilitados de qualquer contato com a indústria farmacêutica.  O fato de não termos uma alteração cerebral que seja “marca registrada” do TDAH não invalida nem a sua base neurobiológica, muito menos a sua existência. Se fosse assim, não existiria a Esquizofrenia,  o Autismo, a Depressão, o Transtorno de Humor Bipolar entre outros, já que nenhum desses
têm uma alteração que seja “marca registrada” da doença. 

Em todos os âmbitos da nossa vida, todas as informações que nos chegam devem ser sempre pesquisadas e refletidas com muito cuidado. Hoje em dia, os meios de divulgação de informações são abrangentes e democráticos, porém poucos divulgadores se preocupam em comprovar a veracidade das informações que transmitem. Com isso, o leitor fica suscetível ao erro de opinião e acaba se transformando em um multiplicador de ideias equivocadas. 

Neste caso, os médicos Mattos e Rohde nos orientam a acessar fontes realmente seguras e científicas sobre o TDAH (por exemplo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) antes de formarmos uma opinião sobre o assunto:  "No nosso caso, a evidência científica é implacável: o TDAH é um dos transtornos mais bem estudados da medicina e com mais evidências científicas que a maioria dos demais transtornos mentais." 

Arnete de Almeida Faria



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O TDAH AO LONGO DA VIDA

       Tenho falado sobre os sinais e as implicações do TDAH na infância. Porém, uma criança com TDAH será um adulto com TDAH! A diferença em uma ou na outra faixa etária ficará na adequada avaliação diagnóstica e na intervenção eficaz. É claro que como mãe de crianças com TDAH acabei identificando em mim vários dos sinais do transtorno. Tudo começou com o diagnóstico delas. Inicialmente, senti muito claro que nada daquilo estava relacionado a mim, apesar do médico me afirmar sobre o caráter genético hereditário do TDAH. Comecei a procurar em pais e avós os sinais que os responsabilizassem pela transmissão. 
       Aos poucos, na terapia de orientação a pais, fui descobrindo que eu tinha muitas das dificuldades das minhas filhas e, por isso, não conseguia realizar as tarefas propostas pela psicóloga quanto a mudança do comportamento delas. Claro! É muito mais fácil ver as dificuldades dos outros do que as próprias. A situação se agravou quando percebi que o meu comportamento dificultava a terapia que fazíamos para beneficiá-las. Pensei: "Assim como elas, sou muito desatenta e me consumo com meus próprios pensamentos, procrastino as tarefas, sempre flutuo entre a impulsividade e a passividade, tenho dificuldade de tomar iniciativas, de estabelecer prioridades, de me organizar para o trabalho e não interrompê-lo. A baixa tolerância à frustração  me impede de me lançar em algo com medo de não dar certo. Tenho muita energia e ideias brilhantes que da mesma forma que surgem, desaparecem deixando uma sensação amarga de decepção." Lembrei-me que, quando criança, eu agia exatamente como elas e por isso sofria demais, pois meus pais e professores não tinham noção do que acontecia comigo. A terapia era a dos castigos intensos...
        A partir desse momento de autodescoberta e de mapeamento dos meus prejuízos funcionais, decidi que para ajudá-las eu precisaria me ajudar. Para que a psicoterapia tivesse um bom resultado, eu precisaria inicialmente ser a função executiva das minhas filhas, pois era necessário que elas conhecessem nelas os sinais  e as consequencias do TDAH para, então, aprenderem a controlar o comportamento a partir de instruções dos adultos de modo que, gradativamente, novos padrões fossem internalizados.
        O passo seguinte foi buscar o meu diagnóstico e os procedimentos terapêuticos adequados. Só não foi mais difícil porque em função das minhas dificuldades de lidar com minhas filhas desde o nascimento, iniciei um tratamento de psicanálise que me ajudou a entender alguns dos meus movimentos e sentimentos. Mas assim como meus pais e professores, a psicanalista não entendia meu comportamento e o justificava com as seguintes expressões: -É da ordem do desejo, ou, - Você se boicota.  
É, foi duro mas me fortaleceu e me ajudou a não ter tanto medo dos meus limites. E ali estava eu: tão prejudicada pelo TDAH quanto minhas filhas. E agora? 
        Na orientação a pais, a psicoterapeuta sempre dizia: "Mudança de comportamento é algo muito difícil de realizar". Essa afirmativa me caiu como um desafio: difícil mas não impossível. Descobri nesse movimento que eu era uma pessoa resiliente. Resolvi ler, estudar, fazer cursos e participar de eventos sobre o assunto. Acreditei que conhecimentos sólidos seriam meus aliados nessa luta, por isso abracei uma nova profissão, a Fonoaudiologia. 
       Quanto a nós? Bem, continuamos muito atentas e monitorando nosso comportamento diariamente.


Arnete de Almeida Faria
Fonoaudióloga
CRFa 13.622-RJ