quinta-feira, 8 de julho de 2010

TDAH e competência comunicativa

        Na minha experiência com os portadores de TDAH, sempre me intrigou o modo como esses sujeitos conversavam no cotidiano. Eu observava uma certa confusão e ficava com a sensação de que muito da conversa havia se perdido. Em vários momento, os participantes falavam ao mesmo tempo, mudavam de assunto sem avisar, faziam pausas por um tempo muito longo como se estivessem desinteressados do assunto. Em suma, parecia que a conversa dificilmente era bem sucedida.
         Fiquei curiosa com essas observações, pois hoje em dia saber conversar é fundamental na vida das pessoas. Saber o quê, como, onde, quando e com quem conversar pode definir um perfil acadêmico, social e profissional! Como dizia o velho guerreiro Chacrinha: "Quem não se comunica, se trumbica!"
        Como poderá ser o futuro profissional de um repórter que sempre se distrai enquanto o entrevistador responde à pergunta, ou por impulsividade frequentemente faz outra pergunta antes de ouvir a resposta completa? Como poderá ser o futuro de um psicólogo que constantemente fala em demasia, e interrompe e se intromete na fala dos pacientes?
      Essas perguntas que rondaram meus pensamentos durante alguns anos me levaram a questionar se a competência comunicativa pode estar prejudicada nos portadores de TDAH. Caso afirmativo, por quê? E o onde se insere, nesse caso, a Fonoaudiologia, ciência que tem como objeto de estudo as alterações e patologias que acometem a comunicação humana?

     A partir dessas indagações, iniciei minha pesquisa teórica sobre o assunto para a minha monografia de conclusão do curso de graduação em Fonoaudiologia. Ontem, defendi minha monografia com sucesso e indicação para realizar a pesquisa de campo. Com isso, espero contribuir com novos achados sobre o TDAH.  


        Arnete de Almeida Faria 

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Mudanças no TDAH no decorrer do desenvolvimento

               Um dos aspectos mais inquietantes do TDAH para os pais é que ele evolui com o crescimento da criança. O que funcionou aos 6 anos pode não funcionar aos 16 anos. Até 80% das crianças em idade escolar com diagnóstico de TDAH continuarão a ter o transtorno na adolescência e, entre 30 a 65% continuarão a apresentá-la na vida adulta, dependendo de como o transtorno é definido em cada caso particular. Os pais percebem o problema quando a criança tem três ou quatro anos de idade, às vezes antes disso. Algumas crianças com TDAH, entretanto, podem ser difíceis de serem cuidadas por serem muito ativas, irritáveis e temperamentais desde o início da infância. Outras podem não ter demonstrado essas dificuldades até ingressar na pré-escola ou mesmo no ensino fundamental. No último caso, a criança, provavelmente, apresentou algumas características do transtorno anteriormente, mas não demonstrou problemas que interferissem na realização das tarefas de desenvolvimento relativamente simples.
             Crianças com TDAH não são todas iguais. Algumas exibem padrões diferentes de comportamento, desenvolvimento e risco tardios. Algumas apresentarão apenas o TDAH; outras terão esse transtorno aliado a problemas de aprendizagem, agressividade, conduta anti-social e péssima relação com os amigos. Todas compartilham o problema da habilidade reduzida de inibir seu comportamento e de manter esforços para sustentar atividades. E, com certeza, todas as crianças necessitam de nossos cuidados, apoio, orientação, educação e amor, embora possam ser um desafio para serem criadas.

(Texto do Dr. Russel A. Barkley no livro Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): guia completo para pais, professores e profissionais de saúde)