quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

SOCORRO! ESTOU PERDENDO MEU ALUNO!



São freqüentes as queixas de crianças muito inquietas, com excesso de energia, estabanadas, descuidadas, que vivem correndo e subindo nos objetos, interrompem todos, não esperam a vez na fila, se esquecem sempre das regras de comportamento e das tarefas cotidianas. Enfim, são crianças que perturbam muito o andamento escolar e familiar, dando trabalho e exigindo mais atenção de pais e professores.
Crianças sadias geralmente têm esses comportamentos de impulsividade, impaciência, desinibição e descuido. À medida que crescem é esperado delas a capacidade de realizar com autonomia as atividades desinteressantes ou que exigem mais esforço intelectual, já que começam a compreender a importância dos processos para alcançarem um objetivo futuro.
A continuação desses comportamentos pode indicar imaturidade que deve ser superada em determinada fase do desenvolvimento da criança, mas quando persistem, prejudicando-a nos contextos familiar, escolar e social, é momento de avaliar o que realmente está acontecendo. Esses aspectos podem apontar para a presença do Transtorno do Déficit de Atenção-Hiperatividade (TDAH).
O TDAH é uma das disfunções mais estudadas por neuropsiquiatras em todo o mundo, o que indica que o TDAH não é uma ficção nem um modismo, e sim um transtorno real do comportamento que como qualquer transtorno mental deve ser diagnosticado por médico ou psicólogo em minuciosa avaliação clínica e neuropsicológica, incluindo relatórios constando as observações dos pais ou cuidadores e dos professores sobre os padrões de comportamento da criança.
É importante a escola contribuir para o diagnóstico precoce e iniciar logo as intervenções para diminuir os danos à auto-estima, matéria prima para o tratamento e o sucesso futuro da criança. Precisamos entender que a crianças com TDAH tem um potencial difícil de acessar, mas quando posto em funcionamento os resultados são extremamente positivos.
Uma criança mal diagnosticada e não tratada corretamente corre o risco de ter sua vida marcada por fracassos e frustrações. Na maior parte dos portadores de TDAH os sintomas podem adquirir novas características, mas o acompanharão até a idade adulta, evidenciando a desigualdade entre inteligência e desempenho profissional, podendo causar no indivíduo importantes prejuízos na sua vida acadêmica, profissional e social e, com isoo, desvantagens quanto ao sucesso na realização de projetos.
Uma criança frequentemente muito agitada e/ou desatenta leva pais e professores a acreditar que se trata de falta de limite e de educação. É comum se perguntarem onde erraram e o que não está dando certo. Infelizmente, na maioria das vezes, a reação aos problemas de comportamento é impensada, levando pais e professores a tomar atitudes inadequadas como culpar a criança, castigá-la e até mesmo excluí-la.
Já bem pequenas, as crianças com TDAH percebem que não conseguem inibir suas ações somente pela vontade, daí o sentimento de desorientação e incompetência: mais do que não querer, elas não podem se controlar.
Por serem muito censuradas desde pequenas, passam a acreditar que são um peso para a família e para a escola, aumentando sua intolerância à frustração. Essas crianças precisam mais do que outras de constante reforço positivo e motivação para iniciar os comportamentos adequados. Em lugar usar estratégias exclusivamente punitivas, recomenda-se a recompensa com elogios que fortalecem os pontos fortes da criança, além de premiações que podem ir de um presente até um tempo extra de atenção, assim ela entenderá melhor o princípio de conseguir os direitos na medida em que os deveres são cumpridos.
Estratégias educacionais inadequadas para alunos com TDAH contribuem para o agravamento de comportamentos indevidos e consequentemente incentiva um quadro de alunos apáticos ou agressivos, hiperativos ou destrutivos. Desse modo, os educadores devem saber que algumas manifestações extrapolam o comportamento quando os alunos começam a apresentar reações como tiques, dificuldades de coordenação de idéias, pensamentos sem sequência lógica, devaneios, atenção dispersa entre outros.
A escola e o professor são importantes para o sucesso de um aluno com TDAH e podemos afirmar que o ideal é uma escola cuja direção, orientação pedagógica e professores sejam abertos à discussão sobre o transtorno, e que tenham disponibilidade para receber e educar alunos com comportamentos e reações pouco comuns. Essa escola deverá:
- considerar o desenvolvimento global da criança,
- favorecer a comunicação casa-escola abertamente e
- receber profissionais ou especialistas dispostos a discutir a melhor forma de adaptar o aluno com TDAH ao programa educacional e metodologia adotada.
Devemos lembrar que não existe uma única técnica ou abordagem pedagógica capaz de anular as conseqüências do TDAH.

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