Os sintomas do TDAH podem se manifestar desde o berço com sono agitado, choro fácil, intensa atividade motora, excessiva irritação, porém, é na escola que alguns sintomas são evidenciados e podem levar pais e professores a considerá-los dentro do padrão de normalidade. Por volta dos seis e sete anos de idade, época de alfabetização, os sintomas se agravam em razão de atividades que exigem mais atenção por um período longo e einibição do comportamento inadequado.
A partir do segundo ano do ensino fundamental, o conteúdo programático se faz mais aprofundado e passam a ser avaliados o desempenho em deveres de casa e provas que exigem domínio da memorização, flexibilidade em resolução de problemas e maior atenção a detalhes.
Antes de qualquer procedimento, pais e professores devem se informar sobre o transtorno, ter consciência dos próprios limites, buscar apoio mútuo e, principalmente, ouvir a criança, estabelecer empatia com ela, incentivar e valorizar seus talentos.
Crianças portadoras de TDAH têm problemas de criar motivação interna para permanecer em tarefas que consideram trabalhosas, demoradas e chatas. Pais e professores podem ajudá-las dando um empurrão na motivação externa. Assim, seguem algumas sugestões de Hallowell para o gerenciamento do desempenho escolar para ajudar a criança a:
(a) criar uma estrutura interna com auxílio de agendas, blocos de anotações, listas, lembretes, arquivos para marcar compromissos e prazos;
(b) organizar o ambiente de estudo para sentir-se organizado, evitando o acúmulo de papéis e materiais sobre a mesa, pois a sensação de organização externa ajuda a criar uma organização interna;
(c) prevenir frustrações lembrando que na vida há perdas e ganhos, acertos e erros;
(d) aceitar desafios com a condição de não ser excessivamente perfeccionista ou meticuloso, evitando que a criança abandone a tarefa iniciada;
(e) subdividir as tarefas grandes em menores, determinando prazos para realização de cada etapa. É comum a criança sentir medo e desânimo diante de uma tarefa grande ou com muitas etapas;
(f) priorizar e não acumular tarefas para não perder a noção de tempo. O adiamento é uma das marcas principais de pessoas com TDAH porque elas lidam mal com a administração do tempo e costumam perder os prazos;
(g) descobrir em que ambiente a criança funciona melhor e consegue manter um nível de atenção. Algumas crianças preferem fazer os deveres de casa na sala, ouvindo música porque assim conseguem abstrair os demais ruídos enquanto outras preferem o silèncio absoluto;
(h) não complicar nem acumular tarefas só para sentir-se estimulada. Iniciar nova taefa apenas quando tiver terminado as anteriores, porém, algumas crianças se saem melhor realizando duas tarefas ao mesmo tempo;
(i) descobrir o que a criança sabe fazer bem (pontos fortes), sem preconceitos;
(j) ensinar a separar um tempo para organizar os próprios pensamentos, pois transições são difíceis de serem aceitas e pequenos intervalos podem ajudar;
(K) aprender a elaborar roteiros de estudo e usar marca textos ou lápis coloridos na leitura para manter a atenção e destacar as informações mais importantes;
(l) estimular a prática de exercícios físicos, neste caso o professor é um excelente aliado.
A criança com TDAH é mais sensível a recompensa imediata e reforço positivo do que as demais crianças, portanto é recomensável incentivá-la e elogiá-la sempre que conseguir iniciar e terminar uma tarefa. Para tanto, valem recompensas como tempo extra de brincadeira ou de TV, um passeio, um presente, pontos para um benefício posterior, tempo extra com os pais etc.
A prática de atendimento dessas crianças mostra que o encaminhamento clínico leva pais e escola a acreditar erroneamente que o TDAH por si só justifica os problemas familiares, sociais e de desempenho escolar, culpando a criança pelo fracasso. No entanto, a abertura para discutir e modificar os hábitos familiares e escolares indica que as dificuldades não estão verdadeiramente na criança. A partir da disponibilidade de mudar em favor do desenvolvimento global da criança, devemos ajudá-la a entender suas dificuldades para que se sinta mais confortável com a própria diferença, aceitando e colaborando com a necessidade de modificar sua atuação.
REFERÊNCIAS:
BARKLEY, Russel. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 2000.
HALLOWELL, Edward M. Tendência à distração: identificação e gerência do distúrbio do déficit de atenção da infância à vida adulta. Porto Alegre: Artmed, 1999.