O primeiro contato com o termo TDAH é geralmente difícil e indica alguma falta de cuidado e preparo tanto da parte de quem fala quanto da de quem ouve. É sempre um grande susto!
Comigo não foi diferente em 2001...
Eu não estava satisfeita com o processo de alfabetização das minhas filhas em uma escola de linha natural e construtivista. Apesar de a metodologia ser muito bem utilizada, as professoras e eu não conseguíamos ver qualquer avanço e as meninas continuavam sendo prejudicadas pela agitação e a dispersão, que até então era entendida como característica da idade entre 6 e 7 anos. Porém, preocupava-me a passagem para a 1a. série naquelas condições.
Como possibilidade de solução, visitei uma escola tradicional muito bem conceituada na cidade do Rio de Janeiro. A primeira visita foi formal, a coordenadora do ensino fundamental me mostrou o espaço físico, conversou sobre horários, uniforme e preços e no final me perguntou por que eu queria mudar minhas filhas de escola. Contei-lhe que as meninas eram muito agitadas e que me preocupava o baixo rendimento delas, pois como educadora valorizo uma boa alfabetização.
A princípio não haveria nenhum problema para matriculá-las e seria interessante que elas conhecessem a escola. Marcamos outra visita na semana seguinte. Chegado o dia, fomos levados pela coordenadora a uma sala cheia de brinquedos, livros, papéis para desenhar. Naquele paraíso minhas filhas quase viraram a sala de cabeça para baixo. Elas haviam mexido em tudo o que encontraram pela frente, apesar dos meus duros olhares e advertências.
Depois de observar atentamente o comportamento das meninas, a coordenadora me disse claramente que elas não poderiam ficar na escola por causa do comportamento muito inadequado. Mais uma vez sofríamos esse tipo de preconceito e o que fazer nesse caso? Invocar nossos direitos? Forçar uma aceitação? Penso que o que quer que façamos precisa ser muito bem avaliado.
Ao perceber minha indignação ela me disse que havia acabado de assistir a um evento sobre educação e saúde. Lá ela havia conhecido um médico neuropsiquiatra, dr. Fábio Barbirato, que tinha falado sobre o DDA (Déficit de Atenção, nomenclatura utilizada na época). Se eu estivesse interessada em tirar dúvidas deveria procurá-lo na Santa Casa de Misericórdia. Saí dali tonta. Eu simplesmente não sabia o que pensar. Neuropsiquiatria????
Levei dias até pegar o telefone para procurar o dr. Fábio e como a Santa Casa estava em recesso, decidi vê-lo o mais rápido possível em seu consultório.
A primeira consulta sempre é embaraçosa, os pais querem contar toda a história da criança, mas a ansiedade atrapalha. Por causa da angústia a fala se parece um quebra-cabeça e o médico tem que montar a história.
O jovem dr. Fábio, muito empático, estava acostumado a ouvir relatos semelhantes e nos fez perguntas específicas em sua avaliação clínica. Em seguida, ele encaminhou minhas filhas para uma avaliação neuropsicológica e nos entregou os questionários para pais e para a escola.
Na consulta seguinte, com a avaliação e os questionários em mãos ele definiu o diagnóstico. Era hora de começarmos o tratamento eficaz e eu, mãe ansiosa, precisava de mais informações sobre o transtorno. Sensível à minha necessidade, o dr. Fábio me ofereceu vários textos sobre o assunto para que eu os estudasse e participasse ativamente do processo, possibilitando que eu me transformasse em "co-terapeuta" das minhas meninas.
Arnete de Almeida Faria
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Parabéns pela postagens ja peguei sua e botei no meu espaço com seus creditos. abraços *crianças felizes demais*
ResponderExcluirObrigada! Um abraço. Arnete
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